Notícias

Críticas sobre as urnas eletrônicas são válidas, mas cuidado com a desinformação

terça-feira, 09 de outubro de 2018
Postado por Gabriela Rollemberg Advocacia

Por Renato Ribeiro de Almeida

Sou “velho de guerra” em eleições e a toda eleição que acaba recebo no escritório, nos dias seguintes, candidatos derrotados dizendo que perderam porque o sistema de urnas não é seguro. Reconhecer a própria derrota nem sempre é fácil. É um desafio humano tremendo admitir que outro o superou.

O caso mais curioso foi de um candidato a vereador que disse que na sessão da própria mulher ele não recebeu nenhum voto. Com muito jeito, expliquei que o seu problema era conjugal, não eleitoral. Meses mais tarde, ele descobriu que a mulher tinha um amante (o qual também havia sido candidato) e que ela não votou no próprio marido.

Nas eleições deste ano, mais uma vez, o tema da segurança nas urnas volta à tona. Alguma coisa no planeta Terra é imune a fraude? Não. Então dou meu testemunho da fiscalização ferrenha (inclusive na montagem e carregamento das urnas e também no dia das eleições e na apuração) que é feita pelo Ministério Público Federal, OAB, Polícia Federal, Polícia Militar e Justiça Eleitoral. Seria necessária uma operação secreta cinematográfica para despistar todo mundo e conseguir alterar um resultado em dimensão nacional. Mereceria até uma série na Netflix estilo La Casa de Papel.

Outra coisa que gostaria de dar meu relato é que, quando as eleições eram feitas em cédulas de papel, a apuração adentrava madrugadas e seguia por dias. A apuração era feita, muitas vezes, em ginásios de esportes e quadras poliesportivas. Pessoas da comunidade eram selecionadas (como ocorre com os mesários) para apurar, sob a fiscalização de só um juiz eleitoral e um promotor, em geral. Eu sei de dezenas de pessoas que trabalhavam nas apurações com uma caneta no bolso. Quando o juiz não estava olhando, votava no lugar dos brancos ou assinava mais de um candidato (para anular a cédula). Talvez você conheça alguém que já fez isso. Ah... Os crimes já prescreveram.

Continuando, como disse no começo do ano em audiência pública no Senado Federal, sigo acreditando no resultado e no fato de que seria muito mais difícil fraudar desta forma, com urnas eletrônicas, do que pela apuração da madrugada, com canetas esferográficas em ação.

Se houver suspeita de fraude, que sejam lavrados boletins de ocorrência, relatos em ata, e levados os casos às autoridades.

Honestamente, não acho que o TSE, que categoricamente impediu a candidatura de Lula, iria fraudar as eleições justamente para favorecer o PT. A suspeita parece até aquela “teoria” Illuminati combinada com Ursal, ensinada por um candidato a presidente...

Quanto às críticas ao sistema de urnas, acho que são válidas para o debate. Mas muito cuidado com a desinformação. A urna é feita para funcionar e para ser simples e sem conexão com a internet. Lembre-se que o Brasil é um país de proporções continentais e algumas urnas são alimentadas até por geradores, em regiões isoladas. Como todo equipamento elétrico, algumas têm que ser substituídas no dia das eleições, sem prejuízo dos votos já recebidos. Existe uma previsão estatística do número de urnas que geralmente dão problemas.

Imprimir o voto geraria uma complexidade maior. Isso tornaria mais elevada a possibilidade de problemas técnicos nos milhares de equipamentos Brasil afora.

Fazer uma dupla contagem poderia dar resultados diferentes. Você duvida que o sujeito que fraudava com a caneta não sumiria com uns papéis no meio da apuração da madrugada? Qual resultado iria prevalecer?

Já levar o comprovante de quem votou para casa, por outro lado, favoreceria a compra de votos — “Te pago se você provar que votou em mim”.

Isso sem falar no custo de bilhões de reais para comprar tantas impressoras. Dinheiro público que poderia ser aplicado em saúde, educação e segurança, por exemplo.

Termino com um alerta. O pior perdedor é aquele que não aceita a derrota. Ao colocar dúvidas na própria democracia e nas instituições judiciais (Justiça Eleitoral, no caso), acaba-se arruinando todo o Estado de Direito. É o primeiro passo para a instalação de um governo autoritário.

Acesse o conteúdo completo em www.conjur.com.br

Categoria(s): 
,
Tag(s):
, , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

#GRAinforma

Notícias relacionados

seg, 17 de outubro de 2016

Candidatos do 2º turno não podem ser presos a partir deste sábado

Nenhum candidato que concorre no segundo turno das eleições 2016 poderá ser detido ou preso a partir deste sábado (15/10), […]
Ler mais...
qui, 03 de março de 2022

TSE aprova ajustes em quatro resoluções das Eleições 2022

Fonte: TSE Na sessão administrativa desta quinta-feira (3), o Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou ajustes em quatro resoluções […]
Ler mais...
ter, 21 de fevereiro de 2017

TRE-SC e Univali assinam convênio para promoção de pós-graduação

Nesta segunda-feira (20), o vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, desembargador Antonio do Rêgo Monteiro Rocha, e o […]
Ler mais...
ter, 21 de março de 2017

TRE/SP desaprova contas de diretório regional do PRP

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) desaprovou as contas do diretório regional do PRP (Partido Republicano Progressista de […]
Ler mais...
cross linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram