#GRAnaMídia

Especialistas criticam decisão do TSE sobre Lollapalooza

terça-feira, 29 de março de 2022
Postado por Gabriela Rollemberg Advocacia

Fonte: Estadão

A decisão do ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que acolheu pedido do partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL, e proibiu, em decisão liminar, manifestações políticas no festival de música Lollapalooza, foi criticada por especialistas em direito eleitoral ouvidos pelo Estadão.

De acordo com o despacho, em caso de descumprimento, a organizadora do evento terá de pagar multa de R$ 50 mil. Segundo o advogado Arthur Rollo, especialista em direito eleitoral e membro da Comissão direito eleitoral da OAB - SP, existem vários casos já julgados pelo TSE em eleições passadas que contrariam a liminar.

Em um deles, o plenário julgou improcedente a ação contra o candidato do PT ao Planalto no pleito de 2018, Fernando Haddad, por conta de críticas do músico britânico Roger Waters a Bolsonaro em shows realizados no Brasil. Na ocasião, o advogado da campanha de reeleição do atual presidente, Tarcísio Vieira de Carvalho, então ministro da Corte, acompanhou o relator e votou a favor do petista.

"(Araújo) disse que houve duas manifestações: uma de propaganda antecipada negativa e outra positiva. Mas vários casos julgados pelo TSE deixam claro que isso só ocorre se tiver o pedido direto de voto e não voto. A bandeira com a cara do Lula usada pela Pabllo Vittar não tinha o pedido direto de voto. Era uma manifestação espontânea. A Marina instigou o povo a falar fora Bolsonaro, o que não é pedido direto de não voto", afirmou o Rollo.

Para a advogada integrante da Associação Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP) Gabriela Rollemberg, a decisão fere a Constituição ao restringir a liberdade de opinião dos artistas. "A liminar é mais ampla do que qualquer decisão recente do TSE. Ele (Araújo) precisava ter estabelecido de forma objetiva quais ações são propaganda antecipada, em vez de vetar qualquer manifestação política."

O PL foi à Justiça ontem contra a organizadora do evento após artistas como Pabllo Vittar criticarem o presidente e exaltarem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em suas apresentações. Pabllo chegou a exibir uma bandeira de Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto e principal adversário do governo nas eleições deste ano.

A sigla bolsonarista alega que as manifestações dos artistas no Lollapalooza configuram campanha eleitoral antecipada. O presidente Bolsonaro, no entanto, dedica boa parte da agenda para compromissos de cunho eleitoral, como as frequentes "motociatas" e reuniões com apoiadores país afora.

Também especialista em direito eleitoral, Alberto Rollo prevê que a decisão seja parcialmente reformada em plenário quando for a julgamento. Para ele, houve excessos na manifestação de artistas que entoaram o grito de "fora, Bolsonaro" no palco. Vê, no entanto, o ato da cantora Pabllo Vittar como expressão legítima de opinião. "Eu posso me enrolar na bandeira do candidato que eu quiser. Não há pedido explícito de voto nisso. Agora, o 'fora, Bolsonaro' sugere retirá-lo da Presidência, então é uma manifestação expressa de não voto", avalia.

Segundo Fernando Neisser, presidente da Comissão de Direito Político e Eleitoral do IASP, o Instituto dos Advogados de São Paulo, a decisão do TSE apresenta um entendimento ultrapassado da lei eleitoral.

"A decisão do ministro Raul Araújo tem dois problemas. O primeiro é que ela parece aplicar uma interpretação antiga da redação da lei eleitoral sobre propaganda antecipada. Na minirreforma eleitoral de 2015 houve uma flexibilização que reconheceu que o debate político não começa do dia para noite no dia 16 de agosto. A sociedade debate política a todo momento", afirmou o advogado.

Categoria(s): 

#GRAinforma

Notícias relacionados

seg, 21 de março de 2022

Advogada eleitoralista pede atenção a candidatas viáveis já em 2022

Fonte: G1 O Webinar “O Poder das Mulheres, Mulheres no Poder”, realizado pela TV Anhanguera e G1 Goiás em parceria […]
Ler mais...
seg, 31 de outubro de 2016

Gastos menores e agilidade ao prestar contas são destaques nas eleições

A eleição de 2016 foi o primeiro teste da nova legislação eleitoral aprovada em 2015. Com o fim do segundo […]
Ler mais...
seg, 01 de abril de 2013

Defesa de Deputado Distrital informa que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal

Suplente da coligação de distrital cassado pede ao TSE posse imediata Benício Tavares perdeu mandato, acusado de compra de votos; […]
Ler mais...
qua, 06 de maio de 2020

FNP promove encontro virtual de procuradores-gerais municipais e assessores de comunicação

Fonte: FNP Além da pandemia do novo coronavírus, o ano de 2020 também será marcado pelas eleições municipais. E para […]
Ler mais...
cross linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram