Notícias

Ministro do TSE quer ouvir Torres sobre ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral

segunda-feira, 20 de março de 2023
Postado por Gabriela Rollemberg Advocacia

Fonte: Conjur

Devido à conexão entre a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) e um inquérito administrativo, o ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou, nesta quinta-feira (9/3), que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres deponha sobre a disseminação de desinformação sobre o processo eleitoral por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O depoimento foi marcado para a próxima quinta-feira (16/3). O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, precisará autorizar o procedimento, já que Torres está preso provisoriamente, devido à sua omissão durante os ataques golpistas à Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro — quando atuava como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

O ex-ministro da Justiça deverá esclarecer sua contribuição e participação em uma live promovida por Bolsonaro em julho de 2021, na qual o então presidente falou, sem apresentar provas, sobre suposta fraude no sistema eletrônico de eleição e suposto interesse do TSE em não permitir que os votos fossem auditados.

Por fim, as autoridades questionarão sobre a minuta de decreto, encontrada na casa do ex-ministro em janeiro deste ano, que buscava instaurar estado de defesa no TSE e alterar o resultado das eleições presidenciais de 2022.

Contexto
A decisão se deu em uma Aije ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) contra Bolsonaro. A legenda aponta que o ex-presidente cometeu abuso de poder político ao atacar a integridade do sistema eleitoral durante a reunião com os embaixadores de países estrangeiros.

Segundo a agremiação, o evento foi utilizado para promover a campanha de Bolsonaro à reeleição, pois a gravação do seu discurso de ataque à Justiça Eleitoral foi amplamente difundida nas redes sociais.

No último mês de fevereiro, o TSE manteve na ação a minuta golpista encontrada na casa de Torres, que foi descoberta e incluída no processo somente após os atos antidemocráticos de bolsonaristas em Brasília.

Fatos relacionados
Gonçalves determinou as diligências a partir da análise do discurso de Bolsonaro na reunião com embaixadores. Ele observou que o então presidente citou diversas vezes um inquérito, no qual a Polícia Federal teria constatado o acesso de hackers a "diversos códigos-fonte", a alteração de nomes e a transferência de votos entre candidatos em 2018.

Na live feita em julho de 2021, Bolsonaro voltou a mencionar o suposto inquérito. Torres também estava presente na ocasião, junto ao coronel reformado Eduardo Gomes da Silva, assessor da Presidência da República.

A live é objeto de apuração em um inquérito administrativo que tramita no TSE, também sob relatoria de Gonçalves. "Estão reunidos elementos que podem ter relevância para o deslinde da Aije", concluiu o ministro.

Determinações
Ao final do discurso alvo da Aije, Bolsonaro afirmou que o então ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, encaminharia um extrato da reunião às embaixadas e disponibilizaria a íntegra do suposto inquérito da PF aos interessados.

Já em dezembro do último ano, França disse, em Juízo, que não sabia de qualquer remessa de documentos às embaixadas a partir de sua pasta e que não se lembrava de qualquer conversa com chanceler estrangeiro a respeito do tema. O mesmo foi dito por testemunhas do Ministério da Casa Civil e da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência.

Assim, Gonçalves considerou "pertinente que sejam ouvidas, em Juízo, pessoas que detêm inequívoco conhecimento dos fatos em debate, a fim submeter suas versões ao crivo do contraditório".

Além de Torres, o relator determinou o depoimento do coronel que estava presente na live e de dois servidores da PF. O ministro também ordenou a juntada de diversos documentos, como transcrições das falas de Bolsonaro, relatórios técnicos do TSE e relatório da PF.

Por fim, Gonçalves pediu ao atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, informações sobre a participação de órgãos do governo federal na preparação e difusão do encontro de Bolsonaro com os embaixadores. Também solicitou que a comunicação seja estendida ao Ministério das Relações Exteriores, à Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência, à Assessoria de Cerimonial e "demais órgãos acaso envolvidos na organização do evento".

Clique aqui para ler a decisão
Processo 0600814-85.2022.6.00.0000

Categoria(s): 

#GRAinforma

Notícias relacionados

qui, 18 de setembro de 2014

TSE determina retirada do ar de site ilegal com propaganda de Dilma Rousseff

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin deferiu liminar pedida por Marina Silva e a coligação Unidos pelo […]
Ler mais...
sex, 15 de março de 2019

Supremo mantém julgamento de crimes comuns com a Justiça Eleitoral

Por Ana Pompeu Por seis votos a cinco, o Plenário Supremo Tribunal Federal manteve com a Justiça Eleitoral a competência para […]
Ler mais...
sex, 16 de setembro de 2016

Justiça Eleitoral indefere 207 registros de candidaturas em Alagoas

Levantamento foi publicado no DivulgaCand 2016. Dados mostram ainda que outras 137 pessoas renunciaram e 3 morreram. O Tribunal Superior […]
Ler mais...
qui, 15 de agosto de 2019

TSE responde afirmativamente a consulta do PDT sobre fundação partidária

Fonte: TSE O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou, na sessão administrativa desta terça-feira (13), que fundação criada por […]
Ler mais...
cross linkedin facebook pinterest youtube rss twitter instagram facebook-blank rss-blank linkedin-blank pinterest youtube twitter instagram